IGNOTI NULLA CUPIDO – "Ninguém ama o que não conhece". (Ovídio – poeta romano)

O que vem a ser Liturgia?

liturgia“A liturgia é o cimo para o qual se dirige a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força” (Sacrosanctum Concilium, 10)

O Concílio Vaticano II, em seu documento Sacrosanctum Concilium, afirma que “a Liturgia é considerada como o exercício da função sacerdotal de Cristo” (SC 7). Em outras palavras, através da Liturgia Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote, se faz presente. Ele se apresenta no ministro, nas espécies do pão e do vinho consagrados, na força sacramental, na Sua Palavra e quando a Igreja ora.

É então por meio da Liturgia que a Esposa (Igreja) ora ao seu Esposo (Jesus). É por meio dela que o Cristo cabeça se une ao Seu Corpo Místico para elevar louvores a Deus Pai. Através dela a Assembléia reunida glorifica a Deus e santifica o homem por meio das orações, ritos e símbolos que se fazem presentes durante as celebrações litúrgicas.

Dentro de todo esse contexto, existem duas realidades que devem ser destacadas, mas que infelizmente muitos, inclusive aqueles que se afirmam católicos, ignoram: o domingo e a Eucaristia!

Dentro do ano litúrgico, no qual a Igreja busca celebrar todos os Mistérios da vida de Cristo, distribuindo as festas sagradas pelos dias do ano e pondo o Povo de Deus em contato com as riquezas destes mistérios, o domingo é considerado como sendo seu fundamento e núcleo. Assim como os judeus fazem memória do ato da criação no sábado, dia que Deus “consagrou, porque nesse dia descansou de toda a obra da Criação” (Gn 2,3), os cristãos, desde os primórdios, celebram o domingo, pois nele, o primeiro dia da semana, deu-se a nova criação. Foi no domingo que Jesus ressuscitou dos mortos, vencendo a morte e dando a todos que n’Ele se renovarem, mergulhando em Sua morte, a chance de também participarem da Sua ressurreição. Morre, assim, o homem velho e nasce o homem novo; o novo Adão redime a falta primordial de nosso primeiro pai, garantindo a todos que se unirem a Ele o perdão de todos os seus pecados e a Glória da qual Ele mesmo participa.

Dentro dos Sacramentos, que servem para glorificar a Deus, edificar a Igreja e santificar o homem, encontra-se a Eucaristia, para a qual todos os demais se orientam. É o pão e o vinho que, depois de consagrados, não são mais aquilo que vemos com os olhos da carne, mas é o próprio Cristo que se faz presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade e que só os olhos da fé podem captar. É o próprio autor da Graça, a fonte de onde emanam todos os sacramentos, que se dá nos dons consagrados no altar, dando a maior prova de Sua humildade, pois sendo Deus, se faz menor que os homens para com eles se unir. Todas as orações, toda a piedade cristã, toda a espiritualidade encontra na Eucaristia sua fonte e o seu ápice. É d’Ela que deve brotar e é para Ela que se destina a vida espiritual de cada um de nós.

Como bons católicos, não ignoremos essa grande realidade. Sejamos fiéis à nossa Liturgia, santifiquemos nossos dias através da nossa oração, guardemos os domingos, não só por obrigação, mas por entender a grandiosidade desse dia, e alimentemos o nosso Espírito com o verdadeiro Pão que desceu do céu, pois “quem comer desse pão viverá eternamente” (Jo 6,51b).

nossa_senhora_do_santissimo_sacramentoFiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus!

É ou não pecado? Eis a questão…

duvidaDiante da grande complexidade da moral católica é um tanto comum ficarmos na dúvida se determinada ação nossa foi ou não pecado, e se foi, se ele é mortal ou não. Essa dúvida costuma ser natural, principalmente entre os recém-convertidos, e geralmente ela surge nas horas mais inconvenientes (na fila de comunhão, por exemplo). Essas dúvidas, se não forem devidamente sanadas, podem criar alguns problemas para nós fiéis. Alguns acabam caindo no laxismo, ou seja, chegam a um ponto em que, cansados de se preocupar tanto, passam a não mais ligar para os atos que cometem, como se nada, ou pelo menos quase nada, fosse pecado. Por outro lado, muitos acabam tornando-se muito escrupulosos, achando que tudo é pecado e deixando de comungar por conta de pequenos erros que podem muito bem ser perdoados durante o ato penitencial da missa. Foi pensando nisso que nós do Quero Saber Sobre Deus viemos trazer algumas dicas para não sermos pegos de surpresa por essas dúvidas.

O que vem a ser pecado? E pecado mortal? E venial? 

Interrogação

De forma simples, o pecado é um não que dizemos a Deus. Todo e qualquer ato que atenta contra a caridade (de forma mais simples, o amor), virtude máxima de Deus (cf. I Cor 13), é considerado pecado. E quais seriam esses atos? Todos aqueles que atentam contra os 10 mandamentos, pois estes representam as normas máximas de caridade para com Deus (amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar o Seu santo nome em vão e guardar domingos e festas de guarda) e para com o próximo (honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não roubar, não levantar falso testemunho, não cobiçar a mulher do próximo – o homem da próxima também – e não cobiçar as coisas alheias). É verdade que para cada mandamento deste existem vários atos que o ferem, pois eles representam princípios a partir dos quais devemos julgar as nossas atitudes. Pecar contra a castidade não se limita a não fazer sexo antes ou fora do casamento, pois a castidade é algo que vai muito além disso. Da mesma forma, nós podemos deixar de amar a Deus sobre todas as coisas das mais diversas maneiras, e para entender bem esses princípios, recomendamos a leitura do Catecismo da Igreja Católica e a realização, se possível diária, de um exame de consciência para que possamos identificar tudo aquilo que fizemos de errado desde a nossa última confissão (Exame de consciência).

Também constitui pecado qualquer ato que seja contrário aos mandamentos da Igreja (participar da missa completa nos domingos e dias de preceito, confessar-se ao menos uma vez por ano, receber a eucaristia ao menos na Páscoa da ressurreição, jejuar e abster-se de carne conforme manda a Santa Mãe Igreja e ajudar a Igreja nas suas necessidades materiais), pois a Igreja é o Corpo de Cristo que Ele próprio deixou para nos guiar durante a nossa peregrinação aqui nesse mundo.

Partindo dessa definição, vamos agora diferenciar pecado grave de mortal. Pecado grave é todo aquele que fere gravemente a caridade, ou seja, que quebra totalmente nosso vínculo de amor com Deus. Existem três requisitos que precisam existir para que um pecado seja considerado mortal, que são:

  1. Haver matéria grave;
  2. Haver conhecimento de que tal ato seja pecado;
  3. Realizar o ato com total consentimento da vontade;

Basicamente, há matéria grave quando, ferindo um dos mandamentos acima, demonstra-se uma total falta de amor para com Deus ou para com o próximo. Um bom exemplo é o sentimento de ódio por alguém. Mesmo não ferindo fisicamente tal indivíduo, quem sente esse desejo já mata essa pessoa em seu coração e, por isso, peca contra o 5º mandamento (não matar). Se quem pratica esse ato o faz livremente, tendo plena consciência de que essa atitude constitui pecado, este se torna mortal.

Quando não há qualquer uma dessas características (matéria grave, pleno conhecimento e pleno consentimento), o pecado passa a ser venial. Esse tipo de pecado, apesar de ferir a caridade, não a elimina. Ela continua, pois, subsistindo, apesar do ato. Vale salientar que vários pecados veniais não constituem um pecado mortal, porém eles tornam a pessoa mais propícia a cometê-lo, pois quanto mais enfraquecida a caridade, mais fácil fica de destruí-la no coração.

O perdão dos pecados: a importância da confissão

É importante diferenciar um pecado mortal de um venial, por conta das consequências dos mesmos. Um pecado mortal afasta Confissaocompletamente a pessoa da graça de Deus, prejudicando, assim, a salvação da mesma. Tal pessoa, por não estar mais em estado de Graça, não pode comungar e a única forma de se obter o perdão é através do sacramento da penitência, mais conhecido como confissão. Já um pecado venial não separa a pessoa da Graça Santificante, podendo ser perdoado durante o ato penitencial da missa. É importante salientar que, em qualquer um dos casos, para que haja o perdão, é necessário haver verdadeiro arrependimento e um desejo de não mais cometer tal pecado. Se alguém procura confessar-se, mas tem plena consciência que não deixará de cometer determinado ato pecaminoso, o perdão não será concedido. O mesmo vale para o arrependimento.

Pode-se notar, com isso, a tamanha importância de bem confessar-se. Certos pecados só podem ser perdoados mediante esse sacramento e é por isso que precisamos leva-lo a sério. Apesar de o segundo mandamento da Igreja orientar os fiéis a uma confissão anual, esse mandamento é entendido simplesmente como o mínimo que uma pessoa deve fazer para se beneficiar, mesmo que um pouco, da Graça de Deus. Muitos padres aconselham se não semanal, pelo menos uma confissão mensal. Dessa forma é possível fortalecer cada vez mais a nossa relação com Deus.

Diante de tal explicação, muitos ainda podem achar um tanto difícil determinar se tal atitude é ou não pecaminosa, se o pecado é ou não mortal, se deve ou não recorrer ao sacramento da penitência. Nesse caso sugerimos aos leitores duas alternativas para auxiliá-los.

  1. Aconselhe-se com alguém confiável 

É sempre bom pedir conselhos, principalmente quando a dúvida é de difícil solução. O ideal, neste caso, é procurar um sacerdote, porém existem muitos leigos bem preparados e que podem ajudar a tirar certas dúvidas.

É bom, no entanto, ter um pouco de cuidado com quem se está buscando ajuda. Infelizmente há casos de padres e leigos que, levados por essa onda de relativismo que prega que a Igreja deve se abrir à modernidade, deixando para trás os conceitos e ensinamentos que, segundo eles, são “medievais” e “retrógrados”, aconselham mal aqueles que os procuram, falando coisas contrárias ao que ensina a Santa Igreja. Também pode ocorrer o caso de pessoas que, por não conhecerem a fundo a doutrina católica, acabam por dar maus conselhos. Deve-se, portanto, procurar saber quem é tal pessoa a qual se pede determinado conselho. Ela é católica praticante? Realmente conhece a respeito do que se fala? Para identificar tais casos, é importante, além de buscar conhecer bem a pessoa com quem se pretende aconselhar, estudar a respeito do que a doutrina fala nos documentos da Igreja.

  1. Procurar os documentos da Igreja 

No Catecismo da Igreja Católica podemos encontrar toda a doutrina da Igreja. O catecismo é o meio mais acessível para entender o que ela ensina. Além dele, vários são os documentos que ensinam a doutrina da católica, como o Código de Direito Canônico, as encíclicas papais, etc. O local mais fácil para se encontrar todos esses documentos gratuitamente é o site do Vaticano. Também recomendamos livros e/ou vídeos de autores conceituados, como o professor Felipe Aquino e o padre Paulo Ricardo. Tendo esse acervo em mãos, fica mais fácil entender o que ensina a Igreja e, assim, ter um melhor entendimento a respeito da moral católica e como ela influencia no nosso dia a dia. Com esse entendimento, fica mais fácil identificar quando alguém nos fala algo, digamos, estranho.

Concluindo… 

A melhor forma de lutar contra a dúvida é buscar conhecimento. Vamos procurar ler mais a Bíblia, tendo sempre em mente que a única Igreja capaz de interpretá-la de acordo com os ensinamentos de Cristo é a Igreja Católica por meio de seu Magistério. Busque ter um confessor único, confiável, que possua uma base verdadeiramente católica, além de amigos que tentam viver a doutrina da Igreja, pois assim sempre haverá meios de sanar eventuais dúvidas e construir uma consciência fiel aos ensinamentos de divinos.

Nascimento de Jesus

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva à Jesus!

A Paciência humana e o tempo de Deus

“ Por que isso está acontecendo comigo?”
Em vez de perguntar “Por quê?” se pergunte “para quê?”
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“Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.” (Eclo 2:1-5)

Paciência, eis uma virtude que muitos de nós, cristãos, não conseguimos desenvolver, pelo menos não totalmente. Reclamamos com Deus pelo fato de que as coisas não acontecem do jeito que queremos ou na hora que desejamos. Queremos, em muitos casos, que tudo aconteça no nosso próprio tempo, e quando não acontece pensamos logo que Deus nos abandonou, ficamos bravos e viramos as costas para Ele, como que numa vingança por Ele ter “virado as costas para nós”. O engraçado é que nessa gana por querer que tudo seja do nosso jeito e no nosso tempo, nunca paramos para nos perguntar “será que era mesmo para ser agora?” ou “será que de fato eu preciso disso?”. Nunca paramos para refletir o exemplo que Nosso Senhor Jesus Cristo nos deixou, quando, diante da suprema angústia, sabendo que morreria de uma morte violenta e torturante, em oração disse “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a Tua seja feita” (São Lucas 22:42). Através dessa oração Jesus nos mostra qual deve ser o nosso agir diante do que Deus quer para nós. Mesmo com medo, a ponto de suar sangue, mesmo diante do desejo de não passar por aquela situação, Jesus foi obediente até o fim, pois sabia em Seu coração que todo aquele sofrimento O conduziria para a glória e traria a salvação para todos aqueles que Ele amava. Mesmo diante desse exemplo, teimamos em terminar a nossa própria oração no primeiro ponto de exclamação.

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Não se pode chegar ao objetivo sem antes concluir as etapas que o precedem; para todo destino a um caminho a ser percorrido e este caminho sempre passa por etapas tortuosas ou por um deserto escaldante. E é aí que, quando em nossos corações descrentes perdemos a esperança, paramos no meio do caminho e olhamos para trás, pensando que nunca deveríamos ter saído do conforto em que nos encontrávamos antes. Muitos de nós pensamos assim, e isso nos faz esquecer que devemos confiar em Deus, sofrer Suas demoras e olhar sempre para frente para perceber que, em determinado momento da caminhada, lá longe, na linha do horizonte, surge um oásis preparado por Ele especialmente para nós. Ora, Israel, o povo eleito de Deus, depois de ser liberto da escravidão precisou caminhar 40 anos no deserto para chegar à Terra Prometida; Jesus teve que ser flagelado, coroado com espinhos, precisou caminhar um caminho enorme com uma cruz pesadíssima nas costas, ter suas mãos e pés perfurados por cravos, ficar pendurado por três horas em uma cruz e ter Seu coração transpassado por uma lança para que pudesse ser glorificado e nos conceder a graça da salvação (sim, Ele sofreu tudo isso por nós e não por Ele próprio), enquanto que nós estamos aqui reclamando que sofremos demais e que Deus nos esquece.

Realmente há uma dúvida muito grande do porquê de Deus permitir que soframos, e essa pergunta não pode ser respondida por blog3nenhum homem. Só Deus sabe o motivo! Talvez toda essa dor nos amadureça, talvez ela nos fortaleça e nos prepare para a recompensa, quem sabe? O que devemos mesmo fazer é confiar que em nada Deus nos decepciona, basta que confiemos n’Ele, afinal “quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada”? (Eclo 2:12)

Deixemos que Deus nos prove no fogo, tal qual o ouro, para que possamos brilhar e assim refletir a luz que vem de Cristo, Nosso Senhor e Salvador. Saibamos esperar o tempo de Deus, pois nenhuma espera é inútil, pois nosso Criador sempre prepara muitas lições para que aprendamos grandes e valiosas lições no caminho.

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“Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus”

A Sede Vacante e a saudade em nossos corações: obrigado, Bento XVI!

Bento XVI

“O Senhor me chama a ‘subir ao monte’, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, antes pelo contrário, se Deus me pede isto é precisamente para que possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com que o fiz até agora, mas de uma forma mais adapta à minha idade e às minhas forças” (Bento XVI)

“O Papa renunciou”! Esta foi a notícia com a qual muitos de nós acordamos no dia 11 de fevereiro. Muitos foram os sentimentos despertados, dentre eles a alegria, isso mesmo, alegria; mulheres tiraram as camisas dentro da Catedral de Notredame em comemoração ao ocorrido; vários foram aqueles que publicaram notícias com as teorias mais estapafúrdias sobre a decisão de Bento XVI, chegando ao ponto de dizer que isso comprometeria o dogma da infalibilidade papal; profecias a respeito do fim do mundo e até mesmo sobre João Paulo II ressuscitando e se tornando o anticristo foram gritadas aos sete ventos; há também aqueles desejosos por um papa mais aberto às mudanças do mundo, que venha para “modernizar” a doutrina católica e permitir coisas que desde sempre foram condenadas, pedindo, para isso, a opinião de “especialistas em catolicismo”! Duas são as conclusões que podemos tirar a partir do que foi dito: ou esse povo é realmente ignorante a respeito do catolicismo ou então são pessoas que odeiam a nossa doutrina e fazem de tudo para denegrir a nossa imagem como povo de Deus e sinal dentre as nações.

No entanto, mesmo diante de tantos bombardeios, nós católicos devemos nos manter serenos e confiantes diante da situação. Nem todos os responsáveis pela mídia se ocuparam de espalhar notícias absurdas a respeito do papa (notícias as quais nós do Quero Saber Sobre Deus pretendemos nos ocupar em comentar nos próximos posts). O próprio Bento XVI, em sua última catequese realizada no dia 27 de fevereiro na praça de São Pedro, diante de uma enorme multidão, agradeceu àqueles que “trabalham para uma boa comunicação”, classificando o trabalho deles como um “importante serviço”. Não devemos nos deixar levar por toda essa algazarra que nos rodeia, mas devemos nos espelhar nessas pessoas que se preocupam seriamente em transmitir a verdade, além de dar uma especial atenção à serenidade do nosso tão amado Papa Joseph Ratzinger (pois mesmo com renúncia ele continuará sendo o nosso Papa Emérito, continuando, inclusive, a usar vestes brancas) e tê-la como exemplo! Um papa que lutou para trazer de volta à unidade da Igreja muitos que a tempos tomaram outro caminho e que conseguiu de fato trazê-los; um papa que, mesmo sendo acusado de ser nazista por muitos, mesmo presenciando crises, lutou contra os erros e as heresias que ameaçam a fé do povo de Deus; um homem que, reconhecendo seus limites, teve humildade de declarar a todo o mundo a sua “incapacidade para exercer bem o ministério”, demonstrando a sua lucidez e o seu desejo de manter a cátedra de Pedro ocupada por alguém capaz de defender todo o depósito de nossa fé (para entender como funciona o conclave, processo de eleição do novo papa, veja o link https://querosabersobredeus.wordpress.com/2012/05/22/146/); um homem que em sua última catequese, com grande humildade, agradeceu a todos os fieis do mundo por suas orações, dizendo que é nelas e nas cartas simples que recebe do grande povo de Deus, que ele sente como se tocasse com a mão no que é a Igreja de Cristo.

Não agradeça, ó santo homem. Nós é que devemos agradecê-lo por toda a dedicação que você teve com esse povo. E em demonstração desse agradecimento, ao invés de dar ouvidos ao que o mundo fala, destilando, em muitos casos, veneno em seus comentários, vamos dar atenção às palavras de nosso santo padre, ouvir o que ele disse e respeitar sua decisão. Estaremos daqui, observando a sua subida ao monte, e que lá, assim como os apóstolos Pedro, Thiago e João puderam presenciar a face gloriosa do Nosso Senhor Jesus Cristo transfigurado (cf. Mc 9,2), que ele possa aguardar em paz o momento de encontrá-lo face a face para também contemplar a visão que os santos apóstolos tiveram.

O PAPA QUE DESCE PARA O ALTO (PE. MARCELO TENÓRIO)

Nesta manhã nublada de uma Roma enternecida

Por que não ficas conosco, mais um pouco, a nos guiar à Verdade sem ocaso da Fé?

No ano da Fé, deixa-nos, então?

Não celebrarás conosco o amanhecer de uma Igreja restaurada por tua palavra e banhada com o sangue de teu silencioso martírio?

O Trono, a glória, os suíços – todo o teu temporal não são capazes de te prender por entre os mármores de Pedro?

Sobre ti estão os olhares da humanidade, e tu recusas o poder?

Como novo Celestino entendes a hora de descer e,

Livremente desces.

Como Bento ,no nome e na graça, preferes o recolhimento na oração às glórias deste mundo, até a partida definitiva.

É próprio de quem é Grande, a descida.

Só os Grandes descem.

Com nobreza queres entregar o leme da Igreja a outro.

Reconhecendo tua fraqueza, renuncias.

Reconhecemos tua força e bradamos:

“Viva o Papa”!

O Papa que desce!

Que desce com tanta dignidade que é mais uma subida,

Que descida.

Mais demonstração de Força,

Que fraqueza.

Ó vós que sentis com a Igreja,

Olhai o papa que desce!

Que desce para o Alto!

E hoje mais do que nunca,

Em honra do Grande, do Forte e do Magno

Brademos juntos,

Mais uma vez:

Viva o Papa que desce para o Alto!

Viva Bento XVI.

Papa-Bento-e-Nossa-Senhora

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva à Jesus!

Católicos Self-Service: Desmistificando o conceito de “católico não-praticante”

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Ser católico é praticar! “Achar bonito” ou “apenas se identificar com algumas partes dessa religião” não é ser católico, é ser “simpatizante do catolicismo”

Muitas pessoas que se dizem católicas enxergam o catolicismo da seguinte forma: uma loja self-service na qual a pessoa entra, pega um livro em branco para anotações, intitulado de “Faça você mesmo o seu Catecismo” e começa a andar por ela observando as prateleiras, onde se encontram os mais variados produtos (conjuntos de textos que versam sobre normas de conduta e doutrinárias) dos quais se escolhe os que se quer e coloca-se no livrinho. Dessa forma, se pode ir, por exemplo, na seção “10 Mandamentos” e escolher os mandamentos que se quer, excluir os que não se quer, modificar o conceito de alguns (como, por exemplo, dizer que aborto e eutanásia não se incluem no “não matar”), alterar doutrinas e assim montar um catolicismo ao gosto do usuário. Veja que cômodo! E no final você ainda recebe uma cartilha intitulada “Como reinterpretar os documentos da Igreja”! No final das contas temos vários católicos, só que cada um a “seu jeito” e dessa forma surgem as mais variadas doutrinas que se dizem católicas, culminando no aparecimento do famigerado “católico não-praticante”.

Isso pode causar uma impressão boa, afinal é graças a essas pessoas que o catolicismo é a religião com o maior número de fieis no mundo, certo? ERRADO! Esse tipo de atitude acaba manchando a imagem daqueles verdadeiros católicos que lutam para levar uma vida virtuosa, alicerçada sobre a verdadeira moral ensinada por Deus, através dos escritos seu povo e das palavras do Filho do Homem, Cristo Jesus. É por conta desse tipo de pensamento que o catolicismo é criticado por várias denominações, cristãs ou não, como a religião do “tudo pode”, do “Cristo light”, que é amor puro e que salva todo mundo sem restrições, esquecendo que Deus, além de amor é também justiça, que dá a cada um aquilo que merece de acordo com seus atos! E o pior de tudo é que essas pessoas e grupos que levam indignamente o nome de católicos (Teologia da Libertação, Católicas pelo Direito de Decidir, etc.) acabam criando rupturas dentro da Igreja. Arrastam uma multidão de fieis com suas ideologias estranhas ao Evangelho, criticando aqueles que buscam viver os ensinamentos de Cristo na sua forma mais pura e verdadeira. O próprio Papa, a quem esses tais fieis no mínimo deveriam respeitar, é criticado severamente, tudo isso por procurar preservar a Doutrina e a Tradição transmitida pelos apóstolos e primeiros cristãos durante os séculos até os dias de hoje e que são reflexo de um Deus imutável e, portanto, devem permanecer da mesma forma: imutáveis!

SER CATÓLICO É SER PRATICANTE

Sou católico vivo a minha fé

É muito comum ouvir pessoas se auto-proclamando como “católicos não-praticantes”, mas aqui cabe a pergunta: o que é ser um católico não-praticante? Essa questão não é difícil de responder, pois muitos de nós já passamos por uma fase assim. Católico não-praticante é aquele que diz seguir o catolicismo, não por viver a fé da Igreja, mas simplesmente porque acha a religião bonitinha, porque foi batizado, porque a família é católica, ou até mesmo pra não dizer que não tem religião, porém dificilmente, ou mesmo nunca, vemos essas pessoas freqüentando as atividades eclesiásticas, principalmente as missas. Em alguns casos até vemos, mas se analisarmos bem as crenças individuais de cada um, perceberemos que fazem parte do grupo dos católicos que visitaram a loja self-service citada no início do texto e que montam sua própria versão da Doutrina Católica. E aqui cabe mais uma pergunta, dessa vez um pouco mais complicada, e também bem mais polêmica: isso é realmente ser católico?

Toda a crença, seja ela qual for, possui um corpo de normas que guiam todos aqueles que aderem a ela. Quando imaginamos um judeu ortodoxo, por exemplo, automaticamente pensamos em alguém que não come carne de porco, que guarda os sábados e que não crê que Jesus é o Messias, dentre outras regras que regem a religião judaica. Caso haja algum grupo de judeus que tenha alguma regra ou crença diferente do grupo descrito acima, a primeira coisa que este faz é se diferenciar, determinando quais as normas e crenças que irão seguir, dando vida, assim, a um novo “clã” (um exemplo são os judeus messiânicos, que crêem que Jesus é realmente o messias, mas continuam vivendo de acordo com os costumes judaicos). Veja que, neste caso, temos dois grupos diferentes que professam dois credos diferentes, mas que, independente disso, continuam PRATICANDO SUA FÉ que é guiada por um corpo de normas que DEVE SER SEGUIDO. Da mesma forma, existem os Católicos Apostólicos Romanos, que seguem o papa, e os Católicos Ortodoxos, que não o seguem. Cada um deles tem seu próprio corpo de normas que DEVEM SER SEGUIDAS POR TODOS OS FIEIS das respectivas religiões, de modo que UM NÃO SE CONFUNDE COM O OUTRO!! Não é isso que vemos nos ditos “católicos” não-praticantes.

Diz o Catecismo da Igreja Católica:

 “O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades que tenham com elas um nexo necessário” (CIC 88)

Em outras palavras, o Magistério da Igreja Católica* é dotado de infalibilidade quando trata de matérias de fé e moral, o que implica na aceitação incondicional dos dogmas e ensinamentos proclamados por ela por todos os católicos. Essa é uma regra fundamental da Igreja de Cristo, a qual todos aqueles que querem verdadeiramente praticar o catolicismo devem seguir, o que de fato se espera de qualquer fiel de qualquer religião: que ele siga o que a sua religião ensina. Mas o que ocorre com os “católicos não-praticantes” é que, apesar de se afirmarem como Católicos Apostólicos Romanos, simplesmente ignoram este ensinamento e qualquer outro que não seja de seu agrado!

Há muitos no mundo que se dizem católicos, mas que não concordam com os ensinamentos do Papa e do Magistério; outros se dizem católicos, mas são a favor do aborto e da eutanásia, práticas agressivamente condenadas pela Igreja (e que atentam contra a vida e, portanto, contra o quinto mandamento: não matar); os que se dizem católicos, mas aderem a teologias de cunho “libertário” que se misturam ao marxismo, ideologia materialista e atéia; os que se dizem católicos, mas negam a autoridade e a hierarquia da Igreja, não crêem na Eucaristia e/ou desacreditam dos milagres de Jesus e de qualquer milagre; os que se dizem católicos, mas muitas vezes nem sequer pisam numa Igreja, entregando-se de corpo e alma a prazeres carnais e mundanos! Tudo isso acaba criando uma confusão extrema na cabeça daqueles que estão “do lado de lá”, passando a ideia de que para os católicos tudo é permitido!

Entretanto ser católico não significa que nós não podemos as vezes ter dúvidas sobre os dogmas e buscar explicações claras que os atestem como verdadeiros, pois é justamente a partir de dúvidas bem elucidadas que a Verdade de Deus nos é revelada. Essas dúvidas, assim, são transformadas em certezas e fortalecem ainda mais a nossa fé. Porém só uma busca em fontes confiáveis e com a sincera intenção de conhecer a Verdade é que pode responder a esses possíveis questionamentos de forma satisfatória. Uma resposta que só é possível de se encontrar em Nosso Senhor Jesus Cristo, que encarregou a Sua Igreja, a Igreja Católica, de transmitir essa Verdade revelada por Deus. No final das contas, as pesquisas e respostas que um católico sincero venha a buscar sempre vão acabar o conduzindo à aceitação dos ensinamentos da Igreja.

O problema, porém, é que é cada vez mais comum que ao invés de buscar a Verdade Absoluta, as pessoas procurem criar suas próprias verdades que sejam compatíveis ao estilo de vida que querem ter, transformando o absoluto em relativo, revertendo a ordem natural das coisas, transformando a religião (que deveria ser o meio pelo qual Deus se revela ao ser humano, criado a Sua imagem e semelhança) em um meio de moldar um deus que seja a imagem e semelhança do homem. Dessa forma, não é Deus que é adorado e glorificado, mas o próprio ser humano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

santissimo

Levando em consideração o que foi dito aqui, a resposta para a pergunta “ser católico não-praticante é realmente ser católico?” é um categórico não! Lógico que com isso não se quer dizer que essas pessoas devem ser proibidas de pisar numa igreja e ser expulsas de todo o convívio eclesiástico. Deve-se deixar que elas mergulhem cada vez mais na vida da Igreja, mas sempre com o intuito de assim facilitar o acesso ao conhecimento da Verdade, pois esse é o nosso trabalho enquanto servos de Deus: levar a Verdade ao mundo, pois Ela é capaz de libertar (cf. São João 8,32).

Ser católico (o que automaticamente implica ser praticante) tampouco significa ser perfeito, entender tudo, saber de todas as coisas e ter a bíblia inteira na ponta da língua. Porém, praticar sua religião é buscar essa perfeição todos os dias (buscar estar o mais próximo à santidade), buscar conhecimento sobre Deus e a sua própria igreja. Buscar corrigir os erros, melhorar nos pontos de fraqueza, tentar todos os dias se livrar daqueles pecados que mais nos custam e nunca deixar de lutar. “Não há outra questão, quando se é cristão não se para de lutar!” (trecho da música “Viver pra mim é Cristo”).

O intuito nesse texto não é de criar mais divisões e atacar pessoas, mas apenas demonstrar o erro que permeia o pensamento moderno a respeito do que é sagrado e levar as pessoas que possuem pensamentos semelhantes aos expostos aqui a refletir mais a respeito do que pensam e sobre a forma que agem. O objetivo aqui é desmascarar ideologias e não atacar pessoas. Reconhecemos que, independente do que foi dito, muitas pessoas continuarão não querendo se sujeitar às regras do catolicismo, e isso é algo natural, afinal todos são livres para pensar o que quiserem, mas para essas pessoas fica aqui um sincero conselho: é lícito gostar do catolicismo e simpatizar com ele, nisso não há problema algum, porém isso não é ser católico. Sejam honestos consigo mesmos e não se auto-proclamem católicos sem que de fato o sejam.

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Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus!

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* Magistério deriva da do latim “Magister”, que significa “mestre/professor”. O Magistério da Igreja Católica é o organismo responsável por levar aos fieis os ensinamentos e doutrinas legítimas do cristianismo, sendo representado pelo grupo dos Bispos em união com o papa, que são os sucessores legítimos dos apóstolos, sendo aqueles responsáveis por transmitir através dos séculos os ensinamentos destes, que por sua vez os receberam do próprio Cristo.

Formação: Definição de pecado e sua gravidade

DEFINIÇÃO DE PECADO

“Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade” (I João 1:8-9)

Graças ao pecado original Adão e Eva perderam a graça santificante de Deus e todos os demais dons com os quais foram presenteados por Deus na criação. A graça foi restituída através do sacrifício de Jesus, porém ainda há uma seqüela no coração dos homens e das mulheres que distorce a razão e os faz tender sempre ao pecado. E o que é pecado? O Catecismo da Igreja Católica traz as seguintes definições:

“O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a reta consciência. É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Foi definido como «uma palavra, um ato ou um desejo contrários à Lei eterna»” (CIC 1849)

“O pecado é contrário ao amor que Deus nos tem e afasta d’Ele os nossos corações. É, como o primeiro pecado, uma desobediência, uma revolta contra Deus, pela vontade de os homens se tornarem «como deuses», conhecendo e determinando o que é bem e o que é mal” (CIC 1850)

Santo Agostinho definiu o pecado como “o amor de si próprio levado até o desprezo de Deus” (De civitate Dei)

O pecado é uma falta contra Deus, é algo que nos afasta d’Ele e de Seu amor. Todo o pecado origina-se no interior do coração do homem e é um ato pessoal de cada indivíduo, como deixou bem claro Jesus Cristo ao dizer:

“Não compreendeis que tudo o que entra pela boca vai ao ventre e depois é lançado num lugar secreto? Ao contrário, aquilo que sai da boca provém do coração, e é isso que mancha o homem. Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (São Mateus 15: 17-19)

Apesar disso, também é do coração que provém a caridade, que tem por frutos as boas e puras obras (cf. CIC 1853).

GRAVIDADE DOS PECADOS

“Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para a morte; não digo que se reze por este. Toda iniqüidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte” (I João 5:16-17)

O pecado é dividido em mortal ou grave e venial ou leve. A respeito disso diz o Catecismo:

“O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior. O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora ofendendo-a e ferindo-a” (CIC 1855)

PECADO MORTAL

Condições para um pecado ser mortal

As três condições que determinam se um pecado é mortal são:

  • Matéria grave;
  • Pleno conhecimento; e
  • Pleno consentimento.

A matéria grave reflete uma falta grave contra a lei eterna de Deus, ou seja, os dez mandamentos. Quando alguém pega de um colega uma moeda de dez centavos sem ele saber e esse valor é irrisório para o que foi lesado, há aí matéria leve. Se, no entanto, pega-se dessa mesma pessoa, sem que ela saiba, uma nota de cem reais e esse era todo o dinheiro que ele tinha, a matéria passa a ser grave.

As demais qualidades que caracterizam um pecado mortal ou grave (pleno conhecimento e pleno consentimento) constituem o que se chama de “ato humano”. O ato humano é o agir humano sobre o qual o agente tem total controle, ou seja, ele tem conhecimento de causa sobre o que está fazendo e o faz com total liberdade.

Para um pecado ser mortal ele deve ter as três características descritas acima ao mesmo tempo. Se faltar uma delas, o pecado deixa de ser mortal e passa a ser venial.

A gravidade de um pecado pode ser maior ou menor, dependendo da falta cometida (cf. CIC 1858). Essa gravidade impacta na pena que se deve cumprir, seja aqui ou no purgatório, antes de entrarmos na glória de Deus. O Catecismo da Igreja Católica diz a respeito do pecado mortal:

“O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação” (CIC 1856)

São Tomás de Aquino disse a esse respeito:

“Quando […] a vontade se deixa atrair por uma coisa de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados para o nosso fim último, o pecado, pelo seu próprio objeto, deve considerar-se mortal […], quer seja contra o amor de Deus (como a blasfêmia, o perjúrio, etc.), quer contra o amor do próximo (como o homicídio, o adultério, etc.) […] Em contrapartida, quando a vontade do pecador por vezes se deixa levar para uma coisa que em si é desordenada, não sendo todavia contrária ao amor de Deus e do próximo (como uma palavra ociosa, um risco supérfluo, etc.), tais pecados são veniais” (São Tomás de Aquino, Summa theologiae)

Diminuição da culpabilidade de um pecado

O pecado, para ser considerado mortal, deve partir da liberdade do homem de querer fazê-lo e ele deve conhecer plenamente aquilo que faz (ato humano). Se há algo que de alguma forma elimina essa liberdade, a gravidade desse pecado pode ser reduzida.

Diminuem a gravidade de um pecado:

  • Ignorância involuntária, ou seja, a ignorância que é impossível de ser sanada nas circunstâncias em que a pessoa se encontra (devemos, no entanto, levar em conta a lei moral que está impressa no coração de cada um). Se essa pessoa encontra-se em um estado de ignorância, mas está assim por sua própria vontade e não tem a intenção de sair dele, seja por preguiça ou para não ser obrigado a cumprir a lei moral, então esta pessoa assume toda a culpa pelo ato cometido;
  • Impulsos da sensibilidade, ou seja, o momento em que determinado sentimento, como inveja ou raiva, aflora involuntariamente em nossos corações por causa de algum acontecimento. Se esse sentimento, no entanto, é alimentado voluntariamente por quem o sente, não há, pois, diminuição da culpa;
  • Paixões desordenadas (neste caso o sacerdote dirá se este caso se aplica a situação vivenciada);
  • Pressões externas, como torturas físicas ou psicológicas; e
  • Perturbações patológicas.

Deve-se, porém, tomar cuidado com esses casos de diminuição da culpabilidade de um pecado, pois fala-se aqui em possibilidades. Ninguém deve se basear neles para, arbitrariamente, julgar se um pecado cometido tem sua culpa reduzida. Aconselha-se que todos se confessem sempre que possível e deixem que o confessor julgue cada caso de acordo com o exposto.

Devemos lembrar também que, mesmo podendo nós julgar se uma falta é grave, devemos confiar o julgamento das pessoas à justiça e à misericórdia de Deus (cf. CIC 1861)

PECADO VENIAL

Diz o Catecismo a esse respeito:

O pecado venial enfraquece a caridade, traduz um afeto desordenado aos bens criados, impede o progresso da pessoa no exercício das virtudes e na prática do bem moral; e merece penas temporais. O pecado venial deliberado e não seguido de arrependimento, dispõe, a pouco e pouco, para cometer o pecado mortal. No entanto, o pecado venial não quebra a aliança com Deus e é humanamente reparável com a graça de Deus. «Não priva da graça santificante, da amizade com Deus, da caridade, nem, portanto, da bem-aventurança eterna»” (CIC 1863)

Santo Agostinho fala sobre o mesmo assunto:

“Enquanto vive na carne, o homem não é capaz de evitar totalmente o pecado, pelo menos os pecados leves. Mas estes pecados, que chamamos leves, não os tenhas por insignificantes. Se os tens por insignificantes quando os pesas, treme quando os contas. Muitos objetos leves fazem uma massa pesada; muitas gotas de água enchem um rio; muitos grãos fazem um monte. Onde, então, está a nossa esperança? Antes de mais, na confissão…” (Santo Agostinho, In epistulam Iohannis Parthos tractatus)

O pecado venial fere a caridade, mas não a destrói no coração. Uma grande quantidade de pecados veniais não se tornam um pecado mortal, porém, por enfraquecer a caridade, tornam as pessoas mais vulneráveis a cometer um pecado mortal, portanto deve-se evitar ao máximo qualquer ocasião de pecado, mesmo que seja impossível ao homem nunca cometer pecados.

OUTRAS FORMAS DE PECADO

Blasfêmia contra o Espírito Santo: o único pecado que não tem perdão (cf. São Mateus 12:31)

  • quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo” (CIC 1864)

Segundo o Catecismo Maior de São Pio X, os pecados contra o Espírito Santo são seis:

  • Desesperar da salvação (perder as esperanças de que será salvo);
  • Presunção de salvação (considerar-se perfeito e já salvo por conta do que já fez. Este pecado resulta da falta de humildade);
  • Negar a verdade conhecida como tal pelo Magistério da Santa Igreja (não aceitar as verdades (dogmas) de fé, mesmo após exaustiva explanação a respeito dos mesmos);
  • Inveja da graça que deus dá aos outros (com isso a pessoa se volta contra a vontade divina e não exercita o amor ao próximo ensinado por Cristo);
  • A obstinação no pecado (Vontade firme de permanecer no erro mesmo após a ação de convencimento do Espírito Santo); e
  • Impenitência final (resultado de uma vida inteira de rejeição a Deus, que faz o indivíduo permanecer no erro até o final, não aproximando-se de Deus mesmo na hora da morte)

Pecados que bradam os céus, que por sua gravidade e malícia clamam a punição de Deus contra quem os comete

  • Homicídio Voluntário;
  • Pecado sensual contra a natureza;
  • Oprimir os pobres, órfãos e viúvas; e
  • Negar o justo salário aos que trabalham.

Pecados Capitais, vícios que são geradores de outros pecados ou vícios

  • A soberba;
  • A avareza;
  • A inveja;
  • A ira;
  • A luxúria;
  • A gula; e
  • A preguiça

O pecado é pessoal, mas somos culpados pelos pecados dos outros quando neles cooperamos (cf. CIC 1868).

CONVERSÃO E ARREPENDIMENTO

Como afirma São Paulo: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20). Mas para realizar a sua obra, a graça tem de pôr a descoberto o pecado, para converter o nosso coração e nos obter «a justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor» (Rm 5, 21). Como um médico que examina a chaga antes de lhe aplicar o penso, Deus, pela sua Palavra e pelo seu Espírito, projeta uma luz viva sobre o pecado” (CIC 1848)

Em outras palavras, é necessário que a graça de Deus, derramada em nós por meio do Espírito Santo, primeiramente abra os nossos olhos para que possamos enxergar claramente os nossos pecados. Somente dessa forma nós teremos condições de assumir que erramos e nos arrepender verdadeiramente.

“A conversão requer o reconhecimento do pecado. Contém em si mesma o juízo interior da consciência. Pode ver-se nela a prova da acção do Espírito de verdade no mais íntimo do homem. Torna-se, ao mesmo tempo, o princípio dum novo dom da graça e do amor: “Recebei o Espírito Santo”. Assim, neste “convencer quanto ao pecado”. descobrimos um duplo dom: o dom da verdade da consciência e o dom da certeza da redenção. O Espírito da verdade é o Consolador” (João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem)

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus!

Podcast: Aborto

Gabriel Marques, Osmar Marques, Cristiano de Aquino, Marcos Sousa e Felipe Deganello em uma conversa a respeito deste tema que é tão polêmico hoje em dia apresentando alguns dos argumentos do porquê ser contra essa prática. Aproveitem!

Formação: o Povo de Deus

O POVO DE DEUS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO

A imagem do Povo de Deus ganhou maior destaque a partir do Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, trazendo a tona uma imagem bíblia a respeito da Igreja de Cristo. O termo “Povo de Deus” não é tão presente nos textos das Sagradas Escrituras, porém a palavra “Povo” aparece inúmeras vezes tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Ao analisarmos a tradução grega, vemos que os tradutores utilizaram o termo “laós” para designar Israel enquanto utilizaram o termo “éthne” quando se referiam aos povos pagãos. Esta mesma diferenciação entre Israel e os povos pagãos encontra-se na tradução hebraica do Antigo Testamento, pois usam o termo “am” para referir-se a Israel e “gojîm” para os povos pagãos. Algumas considerações devem ser feitas:

  1. Os escritores procuraram diferenciar o conceito de povo aplicado a Israel do que era aplicado aos pagãos, principalmente no que diz respeito à relação do povo com Deus;
  2. O termo “am” indica parentesco, ligação tribal por parte de pai. Exprime a comunhão de vida e de destino de um mesmo povo. Daí era normal que compatriotas se chamassem de irmãos, pois eram todos filhos do mesmo pai;
  3. Havia uma comunhão do povo em torno de um centro divino;
  4. Essa união dizia respeito a duas grandezas: filiação divina e fraternidade, ambas características do Reino de Deus.

Há, pois, uma ligação entre o Povo de Deus do Antigo Testamento e o povo da Nova Aliança do Novo Testamento. Essa ligação é demonstrada pelos seguintes fatos: (1) sempre que se fala no “Povo de Deus” da Nova Aliança, são usadas passagens do Antigo Testamento e (2) sempre é usado o termo “laós” para se referir ao povo neotestamentário. A Igreja do Novo Testamento é vista como o cumprimento das promessas feitas à Israel no Antigo Testamento,  novo “Povo de Deus”: a Nova Aliança, instituída por Jesus Cristo, é o novo Povo de Deus (cf. LG 9).

CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DA NOVA ALIANÇA

A Nova Aliança possui três características:

  1. O enraizamento da Igreja no Antigo Testamento;
  2. A novidade radical em Jesus Cristo; e
  3. A sua abertura para todas as pessoas, tanto judeus quanto gentios.

Esse novo povo passa a ter novas formas de celebração que evoluíram com o tempo, o que levou gradualmente a uma total separação dos judeus por parte desse grupo liderado pelos Apóstolos. Houve uma mudança na formação do povo cristão e essa mudança passou por etapas, que são:

  1. Igreja formada só por judeus;
  2. Igreja formada por judeus e gentios; e
  3. Igreja formada só por gentios.

Nota-se que não havia distinção entre judeu ou pagão. Só não eram aceitos como membros da comunidade aqueles que expressamente não queriam fazer parte dela. Este Povo passou a representar todas as nações, pois foi tirado de dentro delas e estava aberto a todas elas.

O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA DE IGREJA COMO “POVO DE DEUS”

Os primeiro padres da Igreja não faziam conexão entre o Povo de Deus da Nova Aliança com o Antigo Testamento, apesar das evidências bíblicas:

  1. Os judeus, tal qual Esaú, teriam perdido o direito de primogenitura;
  2. Os justos do Antigo Testamento eram vistos como pré-cristãos, que se salvaram mediante a sua fé e não por meio de Israel, que passa a ser visto como povo rejeitado; e
  3. Santo Agostinho disse que houve a passagem do povo histórico para o povo espiritual, ignorando qualquer ligação que existisse entre os cristão e o povo veterotestamentário.

Houve com o tempo a mudança do conceito de “Povo de Deus” para o âmbito jurídico-romano, englobando todos aqueles que faziam parte do Império Romano. Houve nessa época um desenvolvimento hierárquico na Igreja, formando-se uma visão do povo como leigo frente aos bispos. A visão de Igreja de Cristo como continuidade histórica do povo do Antigo Testamento foi aos poucos se perdendo. Não se conseguia mais enxergar o Novo Testamento como continuidade do Antigo. Essa visão começou a ser revivida a partir do século XIX, com o desenvolvimento da visão de Igreja como Corpo Místico de Cristo.

Foi então que, após a Primeira Guerra Mundial, a Igreja passou a ser vista como rocha de Salvação. Houve a redescoberta da figura de Igreja como Povo de Deus a partir do surgimento da nova visão do sacerdócio universal dos batizados. Dessa forma antes de serem bispos ou leigos, todos estão unidos pelo Batismo formando um único povo onde seus membros são todos filhos adotivos de Deus. Newman fala da união dos cristãos com Cristo, que os leva a ter forças para conservar a reta doutrina. Passa-se a criticar a imagem da Igreja como Corpo Místico de Cristo e a vê-la como Povo de Deus (elemento histórico-salvífico). Nesse período a teologia protestante passa a desenvolver seu conceito de Povo de Deus e fala de uma Igreja histórica visível na qual está presente uma Igreja invisível como Reino de Deus no Reino de Cristo.

Toda essa alteração na visão de Igreja confirma o caráter de mistério da mesma. Não há como se ter uma definição lógica para ela. A visão de Igreja como Povo de Deus é apenas uma das várias interpretações existentes, exprimindo um caráter histórico, uma ligação entre Igreja da Antiga e da Nova Aliança.

CARÁTER ESCATOLÓGICO DO POVO DE DEUS

A Igreja é a consumação final da aliança com o Povo de Deus, enquanto sacramento universal de salvação. Ela realiza um importante papel no desenvolvimento histórico da humanidade, antecipando aqui neste mundo a cidade celeste que se dará no céu. O Povo de Deus forma a Igreja Militante que é aquele que está em marcha rumo à glória que se dará na consumação dos tempos.

Um caráter importante relacionado com a imagem de Povo de Deus é a eleição.  Assim como Israel foi o povo eleito do Antigo Testamento – “Não é porque sois mais numerosos que todos os outros povos que o Senhor se uniu a vós e vos escolheu; ao contrário, sois o menor de todos. Mas o Senhor ama-vos e quer guardar o juramento que fez a vossos pais. Por isso a sua mão poderosa tirou-vos da casa da servidão, e livrou-vos do poder do faraó, rei do Egito” (Dt 7,7-8) –, Paulo caracteriza os cristãos como “Assembléia dos chamados”.

Eleição e salvação são duas realidades sucessivas. A salvação parte da vontade e da misericórdia de Deus. Ela se apresenta sempre sob duas faces: a opressão e a libertação. Essa salvação foi realizada por Jesus Cristo na Sua morte de cruz, entregando ao Pai a Igreja pelo Seu sangue. Para que essa tenha efeito, deve haver por parte das pessoas uma participação na vida e na intimidade de Deus. O Povo de Deus é um povo peregrino, que segue rumo à salvação prometida por Deus (cf. Hb 13,14). Em resumo, o Povo de Deus é um povo universal, histórico, unido por uma fé sobrenatural, guiado pelo Sagrado Magistério da Igreja.

A IGREJA E O REINO DE DEUS

A Igreja e o Reino de Deus não se confundem. A Igreja vem para continuar a missão de Jesus Cristo de anunciar a vinda do Reino e de construí-lo, como sinal, aqui na Terra, pois este Reino só será concretizado no fim dos tempos. Não há como compreender a história do Povo de Deus se não se tem uma visão da plenitude celeste dessa idéia, assim como não há como entender a preocupação escatológica se não se entende a realidade histórico-salvífica desse povo.

Stephen Hawking eliminou Deus?

Stephen Hawking, físico teórico e cosmólogo britânico, pode, sem sombra de dúvidas, ser listado entre os maiores gênios da atualidade, porém esse grande gênio cometeu um deslize muito maior que a sua fama: dizer que provou que a existência de Deus é desnecessária à criação do universo na obra “O Grande Projeto” (The Great Design).

Para desmentir essa falsa afirmação, trouxemos a vocês, caros leitores, um video onde o professor Willian Lane Craig, famoso filósofo e apologista cristão, mostra as várias falhas existentes na obra de Hawking, mostrando mais uma vez que tentar provar a não exitência de Deus é um tarefa impossível, afinal não dá para provar a inexistência de algo que existe, não é?

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus!

7 dias ou 13 bilhões de anos?

Quantas vezes vocês cristãos já não devem ter ouvido críticas do tipo “como é que vocês podem ser ingênuos em acreditar que o universo foi criado em apenas sete dias só porque a Bíblia afirma isso? Se isso fosse verdade, o nosso universo teria cerca de 6.000 anos, e já foi provado pela ciência que o nosso planeta tem cerca de 4 bilhões de anos a o universo tem cerca de 13 bilhões de anos de idade”. A melhor resposta para alguém que fala algo desse tipo é “ingênuo é você em fazer uma leitura tão superficial das Sagradas Escrituras”. Essas pessoas normalmente não têm o conhecimento necessário sobre o que de fato é a Bíblia e de como ela foi escrita, logo é normal que falem essas besteiras, e para responder tais acusações, nós do Quero Saber Sobre Deus trazemos mais um texto para vocês. Boa leitura!

OS TEXTOS BÍBLICOS

Em primeiro lugar temos que entender que a Bíblia possui diversos tipos de textos com os mais diversos estilos literários e, a depender do estilo, a leitura desses textos deverá ser feita sob uma ótica diferente. Os Evangelhos, por exemplo, são livros que contam a história da vida de Jesus, portanto os textos devem ser interpretados tal qual estão escritos. Os quatro últimos livros do Pentateuco (Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), possuem um grande teor legislativo, devendo ser lidos da mesma forma como se lêem os Evangelhos. Quando tratamos dos primeiros capítulos do Gênesis, no entanto, principalmente quando falamos do relato da criação, a coisa muda de figura. Nos deparamos com textos predominantemente poéticos, repletos de símbolos e figuras de linguagem. Sabendo disso, é fácil deduzir que esses escritos não podem ser interpretados ao pé da letra, como fazem alguns de nossos acusadores. O Gênesis, diferente do que muitos pensam, não tem seu foco em como o mundo foi criado, mas em quem o criou: Deus Todo Poderoso!

 ENTÃO O QUE SERIAM OS SETE DIAS?

 “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3,8)

O versículo acima da segunda carta de São Pedro já é mais do que suficiente para entender que os sete dias descritos no Gênesis não são necessariamente sete dias. Na verdade esses dias referem-se a sete momentos criativos de Deus, que podem significar dias, meses, anos, séculos, ou, como diz a ciência, cerca de 13 bilhões de anos! Diante disso uma pergunta pode vir a cabeça: então por que a Bíblia descreve a criação em sete dias? Se ela foi inspirada por Deus, ela não deveria ter falhas. Essa descrição, então, não seria um erro? E a resposta para essa pergunta é um grande e firme não! Devemos lembrar que a Bíblia, em especial o Antigo Testamento, inicialmente foi escrita para um povo que viveu milhares de anos atrás e nesse período o desenvolvimento tecnológico que temos hoje ainda não existia. Falar em Big Bang, singularidade, expansão do cosmos, etc., era algo inviável para aquela sociedade, e Deus, sabendo disso, sabiamente inspirou a escrita das Sagradas Escrituras com uma linguagem que fosse de fácil entendimento para aquele povo. Portanto, quando lermos tais textos devemos lembrar que não podemos interpretá-los com a visão de mundo que temos agora, mas eles devem ser lidos tendo em mente a intenção do autor que o escreveu, o público para o qual os textos foram escritos e o nível de conhecimento da sociedade na época.

Lógico que o foco deste texto é o período de tempo levado para que o mundo fosse criado, mas existem muitos outros casos a serem analisados nesses primeiros capítulos da Bíblia, porém isso fica para um próximo encontro.

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que Leva a Jesus!