SANTUÁRIO DO BOM JESUS, NA CIDADE DE BRAGA, EM PORTUGAL.

Situado no íngreme monte do Espinho, freguesia de Tenões, concelho e distrito de Braga, está o Santuário do Bom Jesus do Monte, mais conhecido como Santuário do Bom Jesus de Braga. O Santuário é composto por um escadório, que representa a Via Sacra do Bom Jesus e que sobe até à igreja. O conjunto arquitetónico integra ainda o Parque do Bom Jesus (uma área de mata), Elevador do Bom Jesus (um funicular) e alguns hotéis. Este conjunto arquitetónico inspirou mais tarde a construção de outros semelhantes, como é o caso do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios (Lamego, Portugal) e do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Minas Gerais, Brasil). Atualmente, é um dos santuários católicos mais importantes de Portugal.

O Santuário do Bom Jesus de Braga foi mandado construir em 1494, por iniciativa do arcebispo D. Jorge da Costa, que pretendia fortalecer a fé dos devotos da diocese de Braga através de um percurso sagrado ascensional que representava a Paixão de Cristo e a sua morte.

Ao longo dos séculos, o conjunto arquitetónico do Santuário passou por vários remodelações até que, em 1723, por iniciativa do arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, foram realizadas grandes obras de remodelação que fizeram deste santuário a mais forte expressão do Catolicismo setecentista. O objetivo desta remodelação foi transmitir ao crente o despojamento do mundo e a condenação das ilusões criadas pelas verdades transmitidas pelos sentidos, propondo-se assim que, ao subir o escadório, o crente realize um caminho ascendente em direção à Verdade transmitida pela prática das virtudes fundamentais.

O subir o escadório, o crente relembra e imita os passos do martírio de Cristo, realizando-se assim a “ressurreição” do crente que depois o encaminha ruma à sua redenção e purificação.

As obras realizadas a partir de 1723 contemplaram a construção do pórtico, das oito capelas (das quais atualmente apenas existem seis), das rampas e das fontes, sendo todos estes elementos de estilo barroco. Assim, as capelas são decoradas com cenas que evocam a vida e Paixão de Cristo, existindo em frente a cada uma destas capelas uma fonte que é dedicada um um deus pagão, contrastando-se assim a verdade cristã com a mentira pagã.

A primeira etapa do Santuário do Bom Jesus de Braga é feita através de uma escadaria que conduz ao Terreiro das Chagas, onde mais tarde foram construídas duas novas capelas, também elas apresentando outras cenas do Calvário de Cristo.

D. Rodrigo de Moura mandou ainda construir o Escadório dos Cinco Sentidos, cujo percurso é feito aos ziguezagues aludindo ao corpo humano. Aí se encontram cinco fontes que representam os cinco sentidos, contrapondo-se a cada uma delas, ou a cada um dos sentidos, esculturas que representam passagens do Velho Testamento. Toda este conjunto do Escadório dos Cinco Sentidos tem como objetivo representar a transitoriedade do corpo, bem como a fragilidade dos conhecimentos que dele emanam, opondo-se a estes a verdade divina que permite um afastamento do mundo material.

Entre as construções ordenadas por D. Rodrigo, encontrava-se também uma igreja barroca, na qual terão trabalhado alguns dos mais ilustres artistas bracarenses da época, mas esta tornou-se demasiado pequena para o tão elevado número de peregrinos que a frequentavam que mais tarde teve que ser demolida para a construção de uma maior.

As obras da nova igreja, uma das primeiras de estilo neoclássico em Portugal, começaram em 1784, sendo concluídas apenas em 1811, tendo como criador o arquiteto Carlos Amarante, que executou também o Escadório das Virtudes e o adro que antecede a igreja.

Assim, o atual conjunto do Santuário do Bom Jesus de Braga apresenta um duplo espaço arquitetónico de estilos barroco e neoclássico, que apesar de distintos se conjugam harmoniosamente, fazendo deste um dos mais belos Santuários de Portugal.